Setembro Amarelo: por que é importante debater um tema tão penoso como o suicídio?



Suicídio permanece como um tabu na maioria das sociedades no mundo, mas vem crescendo assustadoramente entre a juventude. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), uma pessoa tira a própria vida a cada 40 segundos, com cerca de 800 mil suicidas anuais no planeta.

Por isso, a OMS transformou o 10 de setembro no Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, em 2003, para chamar a atenção ao tema. Em 2014, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), o Centro de Valorização da Vida e o Conselho Federal de Medicina, trouxeram ao país a campanha Setembro Amarelo.

“O principal objetivo do Setembro Amarelo é a conscientização sobre a prevenção do suicídio, buscando alertar a população a respeito da realidade da prática no Brasil e em todo o mundo”, diz texto sobre a campanha.

suicidio pexels

Os estudiosos defendem o diálogo como forma de enfrentar o suicídio. Mas “não podemos falar de forma errada. Não podemos glamourizar, nem ensinar técnicas”, diz o psiquiatra Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Psiquiátrica da América Latina.

Para Vânia Marques Pinto, secretária de Políticas Sociais da CTB, “a vida corrida que levamos hoje em dia, sem tempo para parar um pouquinho e refletir sobre os acontecimentos pode causar sofrimento além do que as pessoas imaginam poderem suportar”  e dessa forma “não enxergarem solução para as coisas, tomando atitude drástica”.

Como afirma a psicóloga, Karina Fukumitsu o suicídio “costuma ser cometido por alguém que está definhando existencialmente, que deixou de acreditar em sua própria capacidade de transformas a sua dor em amor”.

Dados do Ministério da Saúde mostram que o suicídio aumentou 73% no Brasil entre 2000 e 2016, passando de 6.780 para 11.736. E como diagnostica a OMS, essa já é a segunda causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos.

A depressão, transtornos mentais, envolvimento com drogas, violência doméstica, abuso sexual, bullying e intolerância são as principais causas do suicídio, segundo os psiquiatras. ”Atualmente tudo é visto como individual pelos setores hegemônicos da sociedade, então a pressão sobre as pessoas é enorme, essencialmente aos mais jovens’, acentua Vânia.

Para o psiquiatra Elton Kanomata a passagem da infância ao mundo adulto está cada vez mais comprimida e dificultada por uma sociedade voltada para o eu e isso pode causar muito sofrimento aos adolescentes, porque nessa fase da vida tudo é muito intenso.

Assista Suicídio – mitos, como identificar e ajudar 

“Toda a parte mental deles está em desenvolvimento. A questão da resiliência e da capacidade de lidar com as frustrações podem não estar prontas”. Já o seu colega de psiquiatria, Antônio Geraldo da Silva alega que a sociedade está “expondo esses cérebros em formação a vários tipos de estressores” e isso “leva à predisposição do aparecimento de doenças mentais, como a depressão”.

Já o psicanalista Mário Corso defende que não se deve romantizar o ato de suicidar-se e não tratar o suicida como herói. “Viver é que é difícil. Heroísmo é sobreviver, é ficar no mundo e ajudar os outros”, diz.

Por isso, “o Setembro Amarelo ganha mais espaços nas entidades envolvidas com o desenvolvimento da vida e do mundo do trabalho”, reforça Vânia. Porque, “o enfrentamento ao tema deve envolver toda a sociedade, principalmente o movimento sindical que está mais próximo das pessoas que mais necessitam de atenção e enfrentam as maiores dificuldades na vida”.

Felicidade, de Marcelo Jeneci 

Como diz Marcelo Jeneci na sua canção Felicidade: “Tem vez que as coisas pesam mais do que a gente acha que pode agüentar”, mas “nessa hora fique firme, pois tudo isso logo vai passar” e aí “você vai rir, sem perceber”, porque “felicidade é só questão de ser”. Seja feliz, viva e deixe viver.

Marcos Aurélio Ruy – Portal CTB

Post a Comment

Your email is kept private. Required fields are marked *

Receba nossas notícias

Verifique sua caixa de email

em cima da hora:

Sintema participa da Semana do Servidor e Servidora da UFMA