A vitória do evangelho sobre os preconceitos socioculturais



Por Safira Pavão, associada Sintema.

O Encontro de Jesus com a Mulher Samaritana

Para entendermos quem são os samaritanos, precisamos voltar um pouco no tempo, especificamente, no tempo que é citado nos livros de 1 e 2 Reis. Sob o comando de Saul, e depois de Davi e de Salomão, Israel (as 12 tribos) permaneceu unida como um só povo, um só país. Após a morte de Salomão, porém, houve uma ruptura, e Israel se dividiu: 2 das 12 tribos formaram o reino do sul, também chamado de Judá, cuja capital instituída foi Jerusalém. As 10 tribos restantes formaram o reino do norte, também chamado de Israel, cuja capital instituída foi Samaria.

Os samaritanos são os habitantes da região de Samaria e descendentes dessas dez tribos. Sempre houve uma rivalidade muito grande entre esses dois reinos (Israel e Judá). Fato que fez com que as tribos que habitavam a região de Samaria se fechassem cada vez mais e cortassem relações com o restante do povo. O tempo foi decorrendo e as relações não melhoraram.

Os samaritanos (habitantes da região de Samaria) criaram sua própria religião e costumes e, pouco a pouco, foram excluindo-se da cultura judaica, formando a sua própria.

Samaria era a cidade capital do distrito que tinha o mesmo nome, de acordo com a divisão administrativa estabelecida por Roma.

Estava no centro duma região rica em agricultura com grande desenvolvimento, o que levou Roma a beneficiar Samaria d’uma via romana.

Samaria era uma cidade “moderna” para a época, onde os viajantes dispunham de todas as comodidades para obter comida, alojamento e até uma piscina pública.

Como consequência, por ser uma cidade por onde passava muita gente, aliada à liberdade de religião do Império Romano, Samaria tinha vários templos onde diferentes deuses eram adorados.

No tempo de Jesus vemos que ainda perdurava essa rivalidade e ódio. Os judeus nem mesmo consideravam os samaritanos como israelitas autênticos, mesmo tendo eles os mesmos pais.

Em Jo 8:48,49 Responderam, pois, os judeus e lhe disseram: Porventura, não temos razão em dizer que és samaritano e tens demônio?

Replicou Jesus: Eu não tenho demônio; pelo contrário, honro a meu Pai, e vós me desonrais.

O Encontro de Jesus com A Mulher Samaritana

Evangelho de João, capítulo 4, temos o privilégio de aprender com uma mulher que foi buscar água, e encontrou a fonte da vida eterna.

Jesus estava viajando com seus discípulos desde a Judéia, no sul, até a Galiléia, no norte. Em vez de evitar passar pela Samaria (como fazia a maioria dos judeus), escolheu a rota mais curta, que passava pela Samaria. Eles chegaram a um lugar de Samaria chamado Sicar, localizado próximo ao deserto, onde estava o poço de Jacó. Esgotado, Jesus sentou-se próximo ao poço, enquanto seus discípulos entraram na cidade para comprar alimentos. Era a hora sexta (meio dia), uma hora quando usualmente o lugar estava vazio por causa do calor.

Quando uma mulher veio tirar água do poço, Jesus ofereceu-lhe a oportunidade de servir ao mais nobre homem da história do mundo. Nunca passou alguém igual através da cidade dela. Ele simplesmente pediu-lhe um pouco de água.

A mulher ficou surpresa com seu pedido. Ali estava um homem judeu que reconhecia que ela existia. Ela, uma humilde mulher samaritana que teria sido ignorada ou desprezada pela maioria dos homens judeus. Ela imediatamente reconheceu que havia algo diferente com esse viajante.

O diálogo entre Jesus e uma mulher samaritana, mostra como era grave o conflito entre eles (note pela fala da mulher samaritana): “Então, lhe disse a mulher samaritana: Como, sendo tu judeu, pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana?” Jo 4:9 (porque os judeus não se dão com os samaritanos).

Jesus acima de qualquer religião, nos dá exemplo de misericórdia

O Senhor valoriza a cada um e deseja salvar a todos, pois todas as almas são iguais perante ele. Não basta que estejamos no meio da multidão. Cada um de nós precisa ter um encontro particular com Jesus e um compromisso pessoal com ele.

Jesus prefere ignorar a pergunta da samaritana. Não toma qualquer posição nos graves problemas entre judeus e samaritanos. Deus sempre esteve muito acima de todos os problemas entre os religiosos, quer se trate de judeus e samaritanos, ou católicos e protestantes, ou islâmicos e hindus, ou entre as várias denominações evangélicas, ou quaisquer outras religiões. Em vez de responder à samaritana, o Mestre prefere falar na salvação através do simbolismo da “água viva”, que é para todos.

Geralmente as mulheres iam buscar água ao poço bem cedo de manhã ou ao pôr-do-sol, para evitar o calor do caminho, após o que teriam de efetuar o esforço de puxar pela corda para elevar a água do poço, por vezes com algumas dezenas de metros de profundidade, para depois carregar a água para casa. Alguns comentadores sugerem que a mulher samaritana tenha ido buscar água a essa hora, para não se encontrar com as outras mulheres, pois era considerada pecadora.

A conversa que se seguiu a desafiou e uma cidade cheia de pecadores a mudarem suas vidas e seu destino eterno.

Replicou-lhe Jesus: Se conheceras o dom de Deus e quem é o que te pede: dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva.

Respondeu-lhe ela: Senhor, tu não tens com que a tirar, e o poço é fundo; onde, pois, tens a água viva? Jo 4:10,11

A forma como a samaritana se dirige a Jesus tratando-o respeitosamente por Senhor, caso bem raro entre samaritanos e judeus, parece indicar que reconhecera alguma coisa de diferente em Jesus.

A água viva que Jesus promete à samaritana, não só saciará a sua sede como se tornará, como que uma fonte para matar a sede dos outros.

Disse-lhe a mulher: Senhor, dá-me dessa água para que eu não mais tenha sede, nem precise vir aqui buscá-la. Jo 4:15

Assim, deixaria de ser necessário o árduo trabalho de ir todos os dias tirar água do poço e carregar para sua casa.

Disse-lhe Jesus: Vai, chama teu marido e vem cá; ao que lhe respondeu a mulher: Não tenho marido. Replicou-lhe Jesus: Bem dissestes, não tenho marido; porque cinco maridos já tiveste, e esse que agora tens não é teu marido; isto disseste com verdade. Jo 4:16-18

A mulher começava a compreender Jesus, ao mesmo tempo que o Mestre mostra a sua onisciência e decide alertá-la para a sua condição de pecadora, marginalizada pelo seu próprio povo, mas com delicadeza e sem a arrogância dos sacerdotes sempre prontos a condenar, por vezes com a pena de morte de acordo com o Velho Testamento.

Senhor, disse-lhe a mulher, vejo que tu és profeta. Nossos pais adoravam neste monte; vós, entretanto, dizeis que em Jerusalém é o lugar onde se deve adorar. Jo 4:19,20

Para a samaritana o importante seria encontrar o local certo, o sacrifício indicado que obrigasse o verdadeiro Deus a manifestar-se. Só havia duas hipóteses: Jerusalém, ou Garizim. Onde e como adorar a Deus?

Disse-lhe Jesus: Mulher, podes crer-me que a hora vem, quando nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai. Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus. Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores. Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade. Jo 4: 21-24

O Mestre, bem sabia o que se passava no Templo de Jerusalém, a que chamou “covil de salteadores”. Mateus 21:13. Mas em Garizim, também, certamente que nem tudo era perfeito e o Mestre bem conhecia o que por lá se passava.

Eu sei, respondeu a mulher, que há de vir o Messias, chamado Cristo; quando ele vier, nos anunciará todas as coisas. Disse-lhe Jesus: Eu o sou, eu que falo contigo. Jo 4:25,26

Durante muitos séculos os samaritanos, tal como os judeus, esperaram pelo Messias que Deus enviaria ao mundo. A samaritana estava junto a Cristo e continuava à espera do Messias que havia de vir!!!

Neste ponto, chegaram os seus discípulos e se admiraram de que estivesse falando com uma mulher; todavia, nenhum lhe disse: Que perguntas? Ou: Porque falas com ela?

Quanto à mulher, deixou o seu cântaro, foi à cidade e disse àqueles homens:

Vinde comigo e vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito. Será este, porventura, o Cristo?! Saíram, pois, da cidade e vieram ter com ele.

Nesse ínterim, os discípulos lhe rogavam, dizendo: Mestre, come! Mas ele lhes disse: Uma comida tenho para comer, que vós não conheceis.

Diziam, então, os discípulos uns aos outros: Ter-lhe-ia, porventura, alguém trazido o que comer? Disse-lhes Jesus: A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra. Jo 4:27-34

Os discípulos admiraram-se ao ver Jesus falar com uma mulher, o que era um escândalo na cultura judaica, pois ainda continuavam verdadeiros judeus, na sua antiga cultura veterotestamentária. Mas, pelo contrário, a mulher encontrou o Messias que há tanto tempo esperavam. Larga tudo e corre à sua cidade, para anunciar que encontrara o Messias. Era a água viva que já brotava em abundância e tinha forçosamente de escorrer para os seus conhecidos.

Os samaritanos daquela cidade acreditavam no testemunho da samaritana e foram ter com Ele. Quando ouviram as palavras de Jesus, perceberam que tinham encontrado o Salvador do mundo. 4:39-42.

Enquanto a mulher voltou a Sicar para contar o sucedido ao povo, Jesus sentou-se com os apóstolos. Eles tinham ficado surpresos ao vê-lo conversando com essa mulher, revelando que eles não viam os outros da forma como Jesus via. Eles viam uma mulher desprezada de uma terra ímpia. Jesus via uma alma a ser salva, que necessitava ser despertada para sua própria necessidade. Eles viam um deserto espiritual, enquanto Jesus olhava adiante para a grande colheita João 4:31-38. Na verdade, o povo samaritano provou ser um dos mais receptivos da mensagem do evangelho Atos 8:4-25.

Para alcançar a salvação, precisa-se ver a verdade penosa da própria condição espiritual. O ponto crítico da conversa foi quando Jesus implicitamente revelou duas coisas: Que a mulher estava num triste estado de pecado e, que Ele é aquele que pode reconhecer e resolver tais problemas da alma.

Para alcançar a salvação, não se pode confiar somente no testemunho de outros. Precisamos ouvir as palavras de Jesus. João, e outros discípulos, registraram cuidadosamente as palavras e atos de Jesus para dar a todas as futuras gerações uma base para crerem. João 20:26-31.

Temos nós reconhecido os nossos erros, fracassos e pecados. Deixemos os nossos erros, busquemos a Jesus que está pronto a nos ajudar a corrigir os erros, amavelmente. Aceitemos o Seu maravilhoso amor, a Sua doce paz, que resulta em nossa salvação.

Somente Jesus Cristo pode salvar, confie Nele, jamais nos decepcionará. Ele nos dará a água que sacia a sede da alma para a vida eterna, trazendo perdão, vida e salvação. Ele diz hoje: “Aquele que tem sede, venha a Mim e beba da água que jorra para a vida eterna!”

Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” João 3:16.

E você? Como procura resolver a sua sede espiritual bebendo desta água, ou procura satisfazer as suas necessidades com coisas materiais tais como: dinheiro, shopping, roupas, jóias, festas, família…? Somente Deus é capaz de preencher o vazio que existe em nossa alma. Só Ele pode saciar a nossa sede, tanto a espiritual quanto a material.

 

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