Sob forte aparato repressivo, nos moldes do período da ditadura militar, e com o total apoio dos dirigentes da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no dia 3 de dezembro de 2012, foi fundada a ATENS-SN (Sindicato Nacional dos Técnicos de Nível Superior das Instituições Federais de Ensino) constituindo-se em mais um ataque a nossa categoria.
Logo na entrada do anfiteatro, separados por uma grade de proteção os participantes eram recebidos, por um pró-reitor da UFSM (Universidade Federal de Santa Maria) que fazia a primeira, dentre as três conferências dos dados para liberar o acesso ou não, ao recinto onde se realizaria a assembléia. Em conjunto com dezenas de seguranças particulares fortemente armados, alguns até com colete a prova de bala, o pró-reitor que, aliás, é FAVORÁVEL À IMPLANTAÇÃO DO PONTO ELETRÔNICO PARA OS TAEs, exigia contracheques, documentos estes que nem estava previsto no edital de convocação da assembléia e impedia a entrada de quem não fosse “nível superior”, cerceando o direito de ir e vir dos demais presentes.
A representação da direção da FASUBRA e das demais entidades de base de todo o Brasil que vieram para o debate democrático foi, inclusive, convidada a sair do local – pasmem! – pela Policia Militar, acionada pelos organizadores do evento (Direção da ATENS e Reitoria). Situações como esta vimos na época da ditadura militar.
Na abertura da assembléia, após uma leitura relâmpago da ata, feita em menos de cinco minutos, a proposta de transformação da ATENS em Sindicato nacional foi colocada em votação. Sendo aprovada em meio a um tumultuo, e por rito sumário. Manifestações diversas foram feitas no plenário, não só pela representação da FASUBRA e suas representações de entidades de base como também por aqueles que, recém-ingressos na universidade, se sentiram usurpados de seu direito de fala.
Diante do autoritarismo dos dirigentes deste processo, as dezenas de companheiras e companheiros que vieram de vários estados para debater o que significa a divisão da nossa categoria, alertando para o grande equivoco que ali acontecia, se retiraram do evento em protesto, pois não havia nenhuma disposição para o diálogo por parte das supostas lideranças da ATENS. O único interesse naquele momento era dividir a categoria em nome de um projeto reacionário construído em aliança com reitorias.
Quais as conseqüências desse ato? A quem interessa a divisão da Categoria?
Essa divisão interessa ao governo e aos reitores de plantão, pois enfraquece e divide um movimento que historicamente é marcado por sua combatividade, sendo protagonista da luta dos trabalhadores das universidades, seja por causas econômicas ou por políticas nacionais de interesse da classe trabalhadora.
– Essa divisão significa o retorno a uma prática há muito banida do nosso movimento, que é a construção de sindicatos em gabinetes, atrelados às reitorias e aos patrões, como se fazia na época das associações. Esta prática favorece a subserviência, a relação de favores que somente “beneficiam” a poucos, em detrimento do interesse da maioria;
– Fortalece um nascente movimento de burocracia sindical, gestado nas redes virtuais, sem nenhuma intervenção concreta com os trabalhadores, sem interlocução real com as bases;
Tal sindicato não tem qualquer tipo de organização na base da Categoria, não representando os legítimos interesses do conjunto dos trabalhadores, nem tampouco os integrantes da Classe E como um todo, basta ver em seu manifesto as pouquíssimas universidades onde eles tentaram se organizar, o que confirma a falta de legitimidade deste movimento.
Caso a ATENS venha a se consolidar como representação de parte da Categoria dos TAEs estará dado o fim da PARIDADE entre ativos e aposentados da Classe E, tendo em vista que já existe a disposição explícita dessa nova burocracia sindical em NEGOCIAR A PARIDADE ENTRE ATIVOS E APOSENTADOS em troca de gratificações produtivistas;
Essa divisão pode comprometer e enfraquecer as negociações com o governo. Exemplo recente disto é a situação dos docentes, representados pelo ANDES, onde o PROIFES cumpre o papel de burocracia sindical, semelhante ao modelo adotado pela ATENS.
Num momento onde a FASUBRA e seus sindicatos filiados estão enfrentando a luta contra a EBSERH, a luta contra o ponto eletrônico e pela redução da jornada de trabalho. Estamos discutindo e organizando a luta contra a tentativa do governo de retirar o direito de greve e pela anulação da reforma da previdência junto com as demais entidades do funcionalismo público… Estamos ousando em discutir com a nossa categoria a luta contra o machismo, o racismo e a homofobia… E Além disso, construímos esse ano uma das maiores greves da história do funcionalismo público brasileiro…
Nesse campo de batalha contra os ataques do governo em meio a uma crise econômica mundial onde precisamos de toda unidade possível para acumular forças, as lideranças da ATENS além de não participarem de nenhuma dessas lutas cumprem um papel criminoso de dividir gerando confusão e dispersão entre os companheiros da classe “E”.
A FASUBRA conclama todos os TAEs da classe “E” de todo país a fortalecer a unidade de nossa categoria não reconhecendo essa iniciativa divisionista. Sabemos que pela pratica de nossas entidades de base todos saberão distinguir o joio do trigo e primarão pela manutenção da democracia já construída por cada um dos trabalhadores e trabalhadoras em cada universidade.
Direção Nacional da FASUBRA
Fonte: www.fasubra.org.br
Fotos: Raquel Carlucho