Raimunda Leone: “Somos Todos Vinícius Jr! Lugar de Racista não é no estádio, é na cadeia!”



O que acontece na Espanha não pode ser encarado como um problema só do esporte, é de toda sociedade e, mais que da Espanha, de toda humanidade. O atleta Vinicius Júnior, nascido em São Gonçalo e que ascendeu socialmente através do futebol, foi revelado pelo Flamengo e com 18 anos partiu para a Europa para brilhar nas principais ligas do mundo tem sido vítima sucessivamente das mais abjetas manifestações racistas  nos jogo de La Liga, o campeonato espanhol de futebol. 

É importante repudiarmos todas manifestações racistas e xenofóbicas ao atleta e exaltarmos o papel que nosso jovem, um dos melhores jogadores do mundo, que vem enfrentando de cabeça erguida os racistas da Espanha e se consolidando como uma liderança internacional no combate ao racismo no futebol! Um orgulho para o povo brasileiro dentro e fora de campo.

Essas manifestações são fruto de uma ideologia que não aceita ver os pretos no topo. São uma  manifestação da luta de classes, tentando diminuir, desestabilizar e afetar o rendimento do atleta negro que não é aceito pela branquitude européia, que nos quer, desde o começo da Idade Moderna, como coadjuvantes, submissos, mão-de-obra fácil, barata, e por muito tempo, escravizada. 

O racismo no esporte é um problema antigo. Hashtags e faixas não resolvem nem aqui, e nem na Europa. Diversas ligas Européias enfrentam esse problema e La Liga, com sua conivência, se coloca mostra de que lado está. Múltiplas são as formas de se punir manifestações racistas no esporte e outras ligas já provaram isso. Todas passam pela Identificação e punição dos infratores, mas também precisa-se obrigar aos clubes e ligas medidas duras que eduquem e mostrem que nenhum racismo será tolerado. 

Em alguns ligas, medidas como perda de pontos da equipe mandante, proibição de torcida nos jogos no estádio onde a manifestação aconteceu, paralisação e encerramento da partida foram medidas que tiveram cada uma seu grau de eficácia. Qualquer Liga ou clube que tiver compromisso com o Antirracismo saberá que precisa agir com rigidez, de forma implacável.

E isso vale tanto para La Liga, quanto para nossa CBF, que também não puniu rigidamente manifestações racistas como as sofridas pelo goleiro Aranha (na época do Santos, no estádio do Grêmio) ou pelo atleta Gérson (atleta do Flamengo ofendido por atleta do Bahia há poucos anos atrás). Dados do Observatório do Discriminação Racial no Futebol apontam o aumento de 40% dos casos de Racismo no futebol brasileiro no ano passado. Isso precisa acabar por aqui também!

Sou uma mulher negra, trabalhadora metalúrgica e aprendi que o capitalismo usa o racismo para nos diminuir e desqualificar! Faço parte da CTB, uma central sindical classista, defende os direitos e a emancipação da classe trabalhadora. Combater o racismo e todas as formas de opressão está em nosso DNA. Me orgulho da valentia de Vinícius Júnior e reafirmo, em apoio ao nosso atleta, que combater o racismo e todas as opressões no esporte é uma tarefa de todos os segmentos da sociedade.

Foi muito importante ver o Presidente Lula e do Ministro Silvio Almieda tomarem a correta atitude de notificar e cobrar atitudes das autoridades espanholas, esse é o caminho, mas outras autoridades, precisam se manifestar! Especialmente as ligadas ao Esporte como o Presidente da FIFA, Gianni Infantino e o Alto Comissário de Direitos Humanos da ONU, Volker Türk. Essa luta não pode ficar limitada aos gramados e somente sob a jurisdição de uma única nação.

Uma nação que tem em sua história a marca de ter sido uma das maiores escravocratas da era moderna devia se preocupar mais em combater o racismo e instruir seu povo contra políticas racistas e xenófobas. La Liga, seu presidente e seus patrocinadores devem explicações à humanidade e a FIFA, como entidade que se diz contra o racismo, precisa tomar duras medidas contra o que acontece no futebol espanhol. 

Aqui, no Brasil, estamos todos juntos com Vinícios Júnior! Lugar de racista não é no estádio, é na cadeia!

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Fonte: CTB.

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