Nas últimas semanas a conjuntura política do país sofreu uma brusca mudança. A luta do movimento estudantil popular, em especial do MPL (Movimento Passe Livre-SP) contra o aumento das tarifas do transporte, em São Paulo, em várias capitais e outras cidades por todo o país, foi o estopim que desencadeou uma grande mobilização com pauta de reivindicações diversa/difusa e uma presença nas ruas majoritariamente composta por jovens indignados.
As históricas manifestações, que levaram milhões de pessoas às ruas enfrentaram uma covarde e duríssima repressão dos aparatos de segurança pública, entre elas a polícia militar e a força nacional, o que comoveu o país e o mundo. Mas em vez de recuar, elas cresceram ainda mais, culminando numa importante vitória política que obrigou as prefeituras de mais de 10 grandes cidades no país a reduzirem o preço das tarifas. Algo marcante na história da luta de classes brasileira. Nem mesmo a seleção brasileira conseguiu desviar as atenções, e a copa das confederações se tornou um acontecimento secundário no país.
Mesmo após a redução das tarifas, as manifestações ganharam novas pautas, que questionavam os governos e os políticos e ampliaram as mobilizações, inclusive com métodos radicais de ação direta. A própria Copa do Mundo sofreu questionamento pela população que estava nas ruas e manifestava seu repúdio a várias ações dos governos e dos parlamentares. Frases como “Tem dinheiro para a COPA, mas não tem para educação”, “Repúdio a Feliciano e seu projeto de ‘Cura Gay’”, “Contra os senadores Sarney e Renan”, e “pelo fim dos privilégios de políticos”, foram as palavras de ordem que faziam parte das bandeiras de lutas que estavam sendo levantadas. A insatisfação da população pelo não atendimento a uma série de demandas populares se transformou em uma ferida exposta para os governos federal, estaduais e municipais.
As manifestações que reuniram grandes massas trazem consigo uma diversidade de bandeiras, porém não se mostram parte de uma pauta organizada, denotando um movimento espontâneo que passa a ser disputado neste cenário. Setores da direita clássica do país, governos, prefeituras e a grande mídia que inicialmente repudiaram as manifestações, chamando a todos de “VÂNDALOS e BADERNEIROS”, foram obrigados a se relocalizar e passaram a disputar politicamente as milhares de pessoas que estavam nas ruas.
A juventude nas ruas atraiu trabalhadores e sindicatos que veem o momento histórico e estão se inserindo com mais força. É fundamental que a classe trabalhadora se manifeste de forma organizada nesta luta, afinal a quase totalidade das pautas das ruas, são também do movimento sindical. Para tanto, é necessário construir paralisações, discutir as lutas unificadas, para levarmos ao êxito estas demandas que são de todos os jovens e trabalhadores.
Grupos de ultra direita se apoiaram no sentimento de rechaçar os políticos presentes nas massas, para agredir fisicamente as organizações sociais, sindicais e partidárias de esquerda, presentes nas manifestações. A queima de bandeiras de partidos e de centrais não pode ser vista como algo simples ou isolado, assumindo uma gravidade tal que podemos prever que o segundo passo poderá ser a queima de livros e a execração pública de nossas lideranças, como já temos registrado na história.
Por força dos acontecimentos políticos, a presidente Dilma foi obrigada a fazer pronunciamentos à Nação na sexta-feira, 21/06 e na segunda-feira, dia 24/06, expressando sua vontade mínima de atender a alguns pontos da pauta necessária para o Brasil, onde ficou estabelecida a indicação de que o movimento e suas lideranças, as organizações sociais e sindicais serão recebidas pelo governo da Presidenta Dilma no dia 27/06 (quinta-feira) às 9h, para a discussão de suas demandas. Porém nenhuma proposta resolvera as demandas reclamadas das ruas. Se Dilma mantiver a política fiscal nada muda; investir na saúde sem explicitar que é para o setor público também é manobra. Outro método para desmontar as lutas tem sido escolher possíveis lideranças para reunir e a imprensa divulgar que tem negociação. As votações no congresso sobre a PEC 37 é uma vitória das lutas.
Por isso as lutas devem seguir nas ruas com suas pautas firmes. Por isso. Todo empenho do governo é para tirar o movimento das ruas e acabar a pressão sobre os políticos.
Não há duvida que tanto os governos, municipais, estaduais e principalmente o governo federal, sem esquecer o Congresso Nacional, têm culpa no processo de explosão social que estamos vivendo no país. Infelizmente as demandas mais sentidas dos trabalhadores e da juventude não foram atendidas nesses últimos dez anos.
A política econômica que prioriza o pagamento da dívida pública em benefício dos interesses do setor financeiro, a isenção de impostos e benefícios, que fortalece a iniciativa privada e os escândalos sucessivos de corrupção em todas as esferas do poder tem gerado um processo de indignação geral na sociedade e impedido a realização de mudanças que atendam à pauta dos trabalhadores.
A multidão que está nas ruas quer mudanças concretas que, na maioria das vezes, são contrárias aos interesses da elite dominante desse país. Mais investimentos na saúde, educação e transporte público, com diminuição das tarifas, está nas palavras de ordem e cartazes levantados. O governo federal e a ampla maioria dos parlamentares têm muita agilidade e disposição política quando é para atender aos interesses de empreiteiras, bancos, indústrias e do agronegócio. Mas quando se trata de atender as demandas dos trabalhadores não há respostas concretas. Uma mudança radical na política econômica implementada é fundamental para que sejam atendidas as demandas populares, pois, caso contrário, as manifestações tenderão a crescer com a possibilidade agora de a classe trabalhadora organizada e seus sindicatos entrarem em cena com seus métodos de luta, incluindo greves e paralisações.
Não é possível prever ainda como se darão os novos desdobramentos desse processo de mobilização popular, se terá fôlego por muito tempo ou se será contido. Mas o certo é que existe uma disposição de luta por parte da população brasileira muito superior ao que se viu nos últimos anos.
Inspirados na força da população, também os trabalhadores de distintas categorias podem entrar de forma mais organizada em cena para reivindicar suas demandas específicas, bem como apresentar pautas mais gerais. E o papel das direções sindicais nesse momento é de apostar e incentivar tal processo, a exemplo de setores do funcionalismo público, inclusive, federal, como é o caso do DNIT, que já se encontra em greve.
Neste contexto, as Centrais Sindicais, convocam uma paralisação nacional, marcada para o dia 11 de julho, com apresentação da pauta dos trabalhadores deste país. Esta data também foi aprovada na reunião do fórum dos servidores federais.
Assim, a FASUBRA orienta as suas entidades de base a realizar assembleias durante esta semana.
A intensificação das mobilizações de forma organizada dos TAEs, nesse momento, é fundamental para que fortaleçamos a luta social e possamos exigir do governo federal o atendimento à pauta da FASUBRA e do conjunto dos SPFs.
Devemos participar nas manifestações de rua, levantar bem alto a bandeira de luta contra a EBSERH, contra a Terceirização, contra o FUNPRESP, pela democratização nas IFES, pelo arquivamento imediato do PLP 92/2007, pelo atendimento de nossas demandas que estão em discussão nos GTs (cumprimento do acordo de greve), pelo financiamento pleno da educação – 10% do PIB; pelo financiamento pleno da saúde, pela anulação da reforma da previdência, contra o projeto da cura gay, pela regulamentação das Convenções 151 e 158 da OIT.
Participar das manifestações marcadas, a partir dessa semana e construir o dia nacional de paralisação, 11 de julho, se integrando às atividades orientadas pelas centrais em cada estado.
Neste sentido, a FASUBRA está convocando uma PLENÁRIA NACIONAL para os dias 05 e 06 de JULHO com a seguinte pauta:
Debate Temático sobre o PNE abrindo a Plenária.
1. Informes
2. Avaliação da Conjuntura
3. Campanha Salarial
4. Organização da Paralisação Nacional do dia 11/7
5. Encaminhamentos
DN-FASUBRA.